A rúpia indiana deve fechar 2025 como a moeda de pior desempenho regional, com a maior queda anual desde 2022. Segundo a Bloomberg, a moeda recuou para a mínima histórica de 89,48 por dólar, superando em perdas divisas tradicionalmente mais resilientes, como o dólar taiwanês, o ringgit malaio e o baht tailandês. Entre os principais fatores por trás desse movimento estão as tarifas rigorosas impostas pelos Estados Unidos às exportações indianas, a forte saída de capital estrangeiro e a redução das reservas internacionais do banco central.

A pressão sobre a rúpia se intensificou em julho, após o anúncio de tarifas severas pelo presidente Donald Trump. Os EUA passaram a aplicar à Índia a maior tarifa da Ásia, de 50%, além de uma penalidade adicional de 25% relacionada ao comércio com a Rússia. Em setembro, ameaças como o aumento da taxa do visto H-1B para US$ 100 mil elevaram o nervosismo do mercado. Investidores estrangeiros retiraram US$ 16,3 bilhões da bolsa indiana, aproximando-se dos níveis recordes observados em 2022. O Banco Central da Índia gastou mais de US$ 30 bilhões tentando conter a desvalorização, mas abandonou as intervenções em novembro, reconhecendo a dificuldade de sustentar o câmbio.

O contraste com países vizinhos reflete fundamentos econômicos mais sólidos. Tailândia, Taiwan e Malásia enfrentam tarifas menores e operam com superávits comerciais, enquanto a Índia convive com um déficit estrutural persistente. Embora uma rúpia mais fraca traga alguns benefícios, como exportações mais competitivas e maior entrada de remessas do exterior (US$ 137 bilhões em 2024), o custo das importações de petróleo, fertilizantes e eletrônicos tende a aumentar de forma significativa, ampliando os desafios inflacionários no médio prazo.